domingo, 22 de maio de 2016

A masmorra do Conde Drácula

Arqueólogos descobrem local na Turquia onde o príncipe que inspirou o mais famoso dos vampiros teria sido mantido refém durante sua juventude, no século XV

A masmorra do Conde Drácula
FICÇÃO
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Um vampiro, conhecido como o senhor das trevas, que mora num castelo, no topo de uma colina na Transilvânia. Essa imagem que livros e filmes cristalizaram há mais de cem anos sobre o Conde Drácula está sendo derrubada por um grupo de arqueólogos turcos. Eles descobriram recentemente, em Tokat, no norte da Turquia, durante o trabalho de restauração das ruínas de um castelo, a masmorra onde acreditam que Drácula foi mantido refém durante a sua juventude, em meados do século XV. O mais famoso dos vampiros não passa de um personagem literário criado pelo escritor irlandês Bram Stoker, em 1897. O autor, porém, se inspirou numa figura histórica real, que nunca foi conde, mas príncipe da Valáquia (uma região da Romênia). Vlad III recebeu a alcunha de Drácula (“o filho do dragão”) por ser herdeiro de um governante local autoproclamado Dracul (“o dragão”), membro de uma ordem de cavalaria chamada Ordem do Dragão. Para mostrar subserviência ao Império Otomano, o pai enviou seu descendente e o irmão mais novo ainda crianças para a Turquia. Agora, pesquisadores do país afirmam que eles ficaram no castelo de Tokat e que a descoberta de duas masmorras e um túnel escondido comprova isso. “As salas foram construídas como prisões. É difícil estimar em qual delas Drácula foi mantido, mas ele esteve por aqui”, afirmou o arqueólogo İbrahim Çetin, que trabalha na escavação.
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FICÇÃO 
O ator húngaro Bela Lugosi interpreta o vampiro Conde Drácula
em filme de 1931. Surgido na literatura, o personagem ganhou
notoriedade nas telas de cinema
Está comprovado que Drácula passou cerca de seis anos na Turquia, antes de voltar à Valáquia após a morte do pai e do irmão mais velho. Foi quando se virou contra os otomanos e ganhou o apelido de Vlad Tepes (“o empalador”) pelo hábito de enfiar uma estaca no ânus dos opositores derrotados para inspirar terror. Ele foi considerado um tirano sanguinário pelos inimigos, mas até hoje é visto como herói pelos romenos. Especialistas, no entanto, não têm certeza dos lugares por onde passou quando jovem. Tratando-se de um nome capaz de atrair turistas e dinheiro, novos achados são sempre bem-vindos.
Em junho, um grupo de historiadores disse ter encontrado a tumba onde o príncipe estaria numa igreja da Itália. A maioria dos acadêmicos acredita que Drácula morreu numa emboscada durante uma batalha em 1476 e que seu corpo foi enterrado num local sem ornamentos ou num monastério próximo. Já os historiadores que sustentam a tese da tumba italiana dizem que ele foi capturado vivo e enviado para Nápoles após o pagamento de um resgate. A versão é fascinante, porém fantasiosa, pois as supostas evidências encontradas carecem de consistência histórica.
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REALIDADE
Ruínas do castelo de Tokat, Turquia, onde arqueólogos acreditam ter
encontrado a masmorra onde o príncipe romeno Vlad Tepes Drácula
foi mantido refém na juventude
Diretor da Secretaria de Cultura e Turismo de Tokat, Ali Uçar garante que Vlad passou quatro anos ali, entre 1443 e 1447, e que pretende construir um museu dedicado à sua memória após os trabalhos de restauração. “Nenhum objeto dele foi encontrado, mas documentos históricos indicam que Drácula foi prisioneiro aqui”, afirma. Ileana Cazan, diretora do Instituto de História Nicolae Iorga, na Romênia, contesta a tese. “Tudo sobre o forte de Tokat é pura especulação. Se ele esteve lá não foi como prisioneiro, preso em masmorras ou túneis secretos. Ele tinha certa liberdade e era tratado como um príncipe.” Autor de um livro sobre a história do personagem, o britânico M.J. Trow contemporiza a discussão. Ele diz que o jovem Vlad de fato era tratado como um hóspede de honra do sultão, mas que justamente por isso pode ter permanecido no castelo de Tokat. “Pelo modo como ele foi mantido, ele pode ter se movido entre diferentes lugares. Podia sair para caçar, por exemplo; então é possível que tenha estado em muitos locais.” Até que mais investigações históricas sejam feitas, a resposta para o mistério permanecerá, como o próprio senhor das trevas, encoberta em sombras.
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istoe.com.br

Globo Reporter, Romênia 06 03 2015 720HD

Temido Conde Drácula pode ter sido enterrado em Nápoles, na Itália



Pesquisadores dizem ter encontrado no sul do país a tumba do homem que inspirou a criação do Conde Drácula, o mais famoso dos vampiros.

Em uma igreja de Nápoles, no sul da Itália, pesquisadores dizem ter encontrado a tumba do homem que inspirou a criação do Conde Drácula, o mais famoso dos vampiros. Esse homem foi o temido príncipe Vlad III, também conhecido como Vlad, o Empalador. O que se acreditava era que ele tinha sido enterrado em sua terra natal, a Romênia.
Como homem das trevas, é um dos mais intrigantes de todos os tempos, não só porque grandes narradores contaram a sua história, mas também porque traz com ele o fascínio da vida depois da morte, a imortalidade, e das mordidas, que ainda hoje seduzem as novas gerações.
Da sua intimidade não se conhece muito. O morto-vivo, que nasceu na Transilvânia, se alimenta de sangue e não pode ver a luz do sol, já apareceu em mais de 50 filmes, mas continua um mistério indecifrável. A ele são atribuídas ainda novas lendas e até sarcófagos longe do país de origem, a Romênia.
Oficialmente, está em Nápoles o túmulo do dono de um cartório que viveu em Nápoles no século XV, mas os símbolos esculpidos no mármore sugeririam outras hipóteses. Alguns estudiosos italianos acreditam que dentro da tumba estão os restos mortais de um personagem que ficou famoso no mundo inteiro, o príncipe Vlad III, que inspirou o conde Drácula.
Igreja Santa Maria La Nova, uma construção erguida pelos franciscanos, no século XIII. No pátio cheio de afrescos, a lápide exibe a figura de um guerreiro. “Uma armadura gótica, o animal cuspindo fogo, representaria a ordem do dragão, à qual o pai do príncipe Vlad pertencia”, diz o advogado Raffaelo Glini.
A palavra Drácula, que, em romeno, quer dizer dragão, foi adicionada aos nomes do pai e do filho. Apaixonado pelas coincidências, Glini afirma que os golfinhos significariam uma região da Romênia, a Dobruja, perto de onde a família de Vlad reinou.

Na história, o príncipe Vlad "Drácula" ficou conhecido pela sua crueldade. Gostava de adotar a tortura típica dos turcos, o impalamento, mas há quem afirme que ele tenha sido também um grande soberano.
Raffaello Glini mostra ainda marcas no chão, indícios de que o túmulo teria sido mudado de lugar. Uma placa, no passado, teria feito parte dele, numa língua que, segundo o advogado, ainda não foi identificada, aparece o nome Blad. “Em romeno antigo, significa Vlad”, afirma.
E como o Drácula, que viveu em um castelo na Romênia, hoje em ruínas, teria vindo parar no sul da Itália? O diretor do museu e pesquisador da Universidade de Nápoles, Giuseppe Reale, acha possível que o príncipe Vlad não tenha morrido numa batalha contra os turcos, como se acredita, embora não existam documentos que comprovem.
A morte do príncipe Vlad ainda é um enigma. “Ele pode ter sido capturado pelos turcos, e com a ajuda do rei de Nápoles, trazido para cá. Esta cidade era muito importante e recebia gente de toda a Europa”, diz Reale.
Uma suposta filha de Vlad Drácula, Maria Balsa, benfeitora na região da Basilicata, onde fica Nápoles, teria articulado o resgate do pai. O rubi, um ponto em comum entre os dois.
Não há nenhuma prova científica. O túmulo está sendo estudado com a ajuda de uma sonda com uma câmera. Ainda não há conclusões, mas os napolitanos gostam de sonhar.
Mesmo que o príncipe real e o conde imaginário, criado pelo escritor irlandês, Bram Stoker, em 1897, se confundam, o vampiro ultrapassou amplamente a glória do guerreiro. E onde quer que o mais famoso dos mortos-vivos realmente esteja enterrado, a literatura e o cinema já garantiram para o Conde Drácula a vida eterna.g1.globo.com